Percorro o teu corpo com a minha boca.
Em pensamento sou o único que rema na outra direcção, eu que vi a morte, a cadeira e a mesa. Eu que vi o pão podre – verde, verde, verde.
Beijo cada canto, cada esquina. Digo-te ao ouvido em voz vermelha: eu vi o pão podre na mesa da Morte.
Continuo a viagem, percorrendo cada linha que te define, cada esquina que marca a diferença.
Há montanhas geladas nos teus olhos e sinto nas tuas mãos os anos e anos de mantas quentes.
Agora percorro o teu corpo com outro sabor na língua, com espinhos, com gosto ácido.
Vais-te embora e em mim fica o sonho de cortar uma fatia desse pão, leva-lo à boca e beijar-te.