terça-feira, 22 de maio de 2012

(2) o primeiro


Como se o mundo se incendiasse

nós
agarrados não tínhamos presente
não desejávamos futuro

éramos apenas nós
no frio da noite
clandestina
sem luz, sem clarão

sem rumo

pés sobre línguas húmidas,
desejos,
entre a folhagem
da selva de cimento

nós
que desejámos ser homens
na razão e no corpo
beijávamo-nos,

incendiávamos o mundo.

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